segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Esperas














Hoje é um daqueles.

Daqueles dias, sabem?


Não pára de chover.

O sol não aparece.

A banana está verde.

O bolo não cresce.

O mano não acorda.

O Tobias ressona.

A televisão não liga.

O computador não funciona.

O sapato não entra.

O cabelo não cresce.

As mãos estão frias.

O chá não arrefece.

O relógio não anda.

O refrão não chega.

Nunca mais chegamos.

E este poema

Que não acaba?


É que nada acontece

Quando é suposto acontecer.

Eu a soprar o chá

E parou de chover.

O rio já corre

O morango aparece

O chá ficou frio

E eu lá fora

A remar até oeste.